segunda-feira, 12 de novembro de 2012

LANÇAMENTO "ABC DO CEARÁ"

"ABC DO CEARÁ" (de Rouxinol do Rinaré)
NA X BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ



Capa e Ilustrações: KAZANE - Ed. IMEPH

Livro ricamente ilustrado que enaltece mais de 60 personalidades ilustres do Ceará (que são, além de cearenses, grandes brasileiros). Em setilhas de cordel, em forma de ABC, o autor também cita os 184 municípios do Estado, dando destaque para algumas cidades, lugares e monumentos históricos. 

LANÇAMENTO - Dia 13 (Terça) das 10h às18h – Auditório Moacir Jurema (Escritor Antonio Sales), Térreo - O EVENTO SERÁ ANIMADO PELO MÚSICO ADELSON VIANA.

VEJA MATÉRIA 
NO DIÁRIO DO NORDESTE - CADERNO 3: 
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1202508

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Entrevista na TV O Povo

Rouxinol do Rinaré, Orlângelo Leal, Simone Pessoa e Almir Mota são entrevistados pelo programa Grande Debate da TV O Povo. A pauta foi a III Feira do Livro Infantil de Fortaleza. São 4 blocos de 15 minutos.
O video abaixo corresponde ao 2 bloco - segue também os link's com os 4 blocos em sequência:



domingo, 19 de agosto de 2012

Raulzito & Gonzagão


Mês de agosto, mês do folclore, lembramos algo real e marcante - Falecimento de Raul Seixas e Luiz Gonzaga. Gonzagão influenciou a música do roqueiro baiano (Raul declarou que costumava ouvir Luiz Gonzaga em sua infância), daí o rock-baião Let me sing, let me sing.
Há 3 anos, quando completava 20 anos sem Raul Seixas e Luiz Gonzaga, escrevi ABC PARA LEMBRAR RAULZITO E GONZAGÃO para homenagear esses dois mitos da música brasileira.
Desenho de Eduardo Azevedo - Ed. Queima-bucha (RN)


ABC para Lembrar
Raulzito e Gonzagão

Autor: Rouxinol do Rinaré

Amigos que apreciam
Meus cordéis, peço atenção
Pois vou falar de dois mitos
Saudosos dessa nação
No ABC pra lembrar
Raulzito e Gonzagão.

Baião é ritmo dançante
Do nordeste brasileiro
Se originou da toada
Do popular violeiro
E imortalizou Luiz
Nosso maior sanfoneiro.

Cantando, Luiz Gonzaga,
Resgatou nosso nordeste
Tocou baião, polca e xote,
Com o baião passou no teste
Engrandeceu nosso chão
Como um bom “cabra da peste”.

Declarou Luiz Gonzaga:
—Após a minha partida
Eu quero enfim ser lembrado
Como quem cantou a lida
Do sertanejo e amou
Toda essa gente sofrida.

Eu quero que não esqueçam
Que cantei sempre o sertão
Os padres, os cangaceiros,
O covarde, o valentão,
As secas, os animais,
E as aves de arribação...

Fui um historiador
Do nordeste brasileiro
Documentei seus costumes
Junto de cada parceiro
Cantei minha região,
Fui fiel e verdadeiro.

Gonzagão e Raul Seixas
Provam genialidade
Cada qual compondo um hino,
Conforme a realidade,
Um falando do sertão
E o outro de liberdade.

Hino nacional do povo
Segundo Mestre Marçal
É a toada Asa Branca
E do Raul liberal
Sociedade Alternativa
É o hino universal.

Inda criança Raul
Escutava Gonzagão
Na adolescência o Elvis
Completava a formação
Musical para que ele
Criasse o Rock-Baião.

Juntando tais influências
Raulzito genial
Fez então Let Me Sing
E o Sétimo Festival
Da Canção ele venceu
De forma sensacional.

K, lembrei de Karolina
Que era mulher faceira.
Conforme Luiz Gonzaga
Também era presepeira...
A “Karolina com K”,
Dançarina de primeira.

Luiz marcou Raul Seixas
Cantando Cintura Fina
Lorota Boa, entre outras,
De raiz bem nordestina
Porém Raul foi autêntico
E isso é que me fascina.

Mas, pra Raul e Luiz,
Tinha o destino proposto
No ocaso da existência
Sumirem feito sol posto,
Morreram em Oitenta e Nove,
Ambos no mês de Agosto.

No dia dois desse mês
Luiz foi pro infinito
E no dia Vinte e Um
Seguia-lhe Raulzito
Segundo Otávio Menezes*
Houve um encontro bonito.

Os covers que me desculpem,
Reflitam por um segundo:
“Cada um é um universo...”
“Cada cabeça é um mundo...”
“Siga o seu próprio caminho...”
Aqui Raul foi profundo!

Porque Raul sempre teve
Forte personalidade
Curtiu Luiz, Lennon e Elvis
Com particularidade,
Não foi cover de ninguém.
Tinha a própria identidade.

Quero lembrar Raulzito
Não como um simples roqueiro
Pois cantou diversos gêneros
Com o intuito verdadeiro
De dar um alertar, um toque,
Para o povo brasileiro.

Raul com certeza não
Foi “apenas o cantor”
Ele que desde criança
Sonhava em ser escritor
Com a mente além de seus dias
Foi um livre pensador.

Sessenta e quatro anos fez
Que Raulzito nasceu
E agora já vinte anos
Completou que ele morreu,
Mas é eterno na mente
De quem o compreendeu.

Todos tiveram parceiros.
Gonzaga: Humberto Teixeira
E o famoso Zé Dantas.
Raul teve um de primeira:
O mago Paulo Coelho,
Que marcou sua carreira.

Um dia Raul falou
Algo que me convenceu.
Ele disse: “Antes de ler
O livro que o Guru deu
Abra o olho, meu ‘cumpadi’,
Procure escrever o seu!”

Viva Raul Santos Seixas
Que cumpriu sua missão
E embarcou no Trem das Sete,
“O último trem do sertão”,
Pra festejar no infinito
Com Luiz, Rei do Baião.

White wings, versão
De “Asa Branca” em inglês,
Umas das muitas proezas
Que Dom Raulzito fez.
O som ficou bem “maneiro’,
Isso eu garanto a vocês!

Xote Ecológico tem letra
Falando de ecologia
Gonzagão  com Aguinaldo
Nessa bela poesia
Nos fala de Chico Mendes
E o crime, então, denuncia.

Y lá é psiloni”,
Assim cantou Gonzagão.
Brincou com nosso alfabeto
Em um gostoso baião
Cujo título apropriado
É “ABC do sertão”.

Zumbizando feito a mosca
Na sopa, Raul provou.
Que a verdade incomoda.
Nas musicas que ele cantou
Lucidez é o legado
Que para os seus fãs deixou.


Pajuçara-CE. — Agosto de 2009.


* (“O Encontro de Raul Seixas com Luiz Gonzaga no Céu”, de Otávio Menezes - 1992)


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Lançamento



"O Preço da Liberdade", de Rouxinol do Rinaré, será lançado na III FEIRA DO LIVRO INFANTIL DE FORTALEZA - O evento acontecerá na Praça do Ferreira, de 29 de agosto a 01 de setembro. O lançamento do livro será dia 30 de agosto ao meio dia.

sábado, 7 de julho de 2012

O Matador de Dragões

Desenho de Fred Macêdo - Editora Luzeiro (SP)


Desde Leandro Gomes de Barros, com Juvenal e o Dragão, histórias de heróis lendários que dão combate a seres monstruosos são marcantes na literatura de cordel. O sucesso de sagas literárias, como O Senhor dos Anéis, mostra que o gênero nunca sai de moda.
Agora, Rouxinol do Rinaré narra uma aventura épica: Donnar, o Matador de Dragões, é descendente de Thor, deus do raio e do trovão na mitologia nórdica. Com força, destreza e espírito de aventura, ele enfrentará terríveis criaturas pela posse de um fabuloso tesouro.

Marco Haurélio – Poeta e pesquisador

quinta-feira, 5 de julho de 2012

FOLCLORE BRASILEIRO


Folclore brasileiro - Conhecimento Editora

Em simples definição
Folclore é "saber do povo"
Não é um costume novo
É antiga tradição
Reza a Constituição
Em prol do povo festeiro
Que pelo Brasil inteiro
Aos vinte e dois de agosto
Se comemore com gosto
O Folclore brasileiro!

Livro de Rouxinol do Rinaré, com ilustrações de Anilton Freires - publicado pela Conhecimento Editora - em breve terá nova edição com tradução para o espanhol.

sábado, 23 de junho de 2012

O CAPITÃO DE LADRÕES


Ilustrações: Eduardo Azevedo - Editora Nova Alexandria

O Guarda-Florestas e o Capitão de Ladrões 


Rouxinol do Rinaré integra a geração de cordelistas surgida na última década do século passado, responsável pelo ressurgimento do gênero romance na poesia popular. Por romance, os autores de cordel definem as narrativas de fôlego, inspiradas na tradição oral ou criadas pelos artesãos do verso. Alguns cordéis desse gênero têm 16 páginas, a exemplo dos clássicos Romance da princesa do Reino do Mar Sem Fim, de Severino Borges, e Romance de João Cambadinho e a princesa do Reino de Mira-Mar, de Inácio Carioca. Desde Silvino Pirauá de Lima (1848-1913), o popularizador da tradição dos romances autorais no cordel, passando por Leandro Gomes de Barros (1865-1918), o grande sistematizador e responsável pelo início da editoração profissional, o romance tornou-se o gênero nobre dentre os poetas do povo.

O Guarda-Florestas e o Capitão de Ladrões, publicado originalmente em folheto pela Tupynanquim Editora, em 2006, é uma homenagem que Rouxinol presta aos mestres do cordel, em especial ao pernambucano Delarme Monteiro da Silva (1918-1994), sua principal referência. A história é uma versão poética do conto homônimo lido em uma coletânea chamada Pérolas esparsas, sem indicação de autoria, ainda na infância, passada na zona rural de Quixadá, sertão cearense. O enredo gira em torno da atuação de Frede, um Guarda-Florestas implacável no cumprimento de seu dever, conforme lemos nesta estrofe:

Num certo reino da Prússia,
Há muito tempo passado,
Residia um cidadão
Num bosque bem afastado,
Tendo a missão de guardar
As florestas do reinado.

Seu principal inimigo  é o Capitão de Ladrões, a quem persegue obstinadamente:

O Capitão de Ladrões,
Como era conhecido,
Atacava com as sombras,
Passava o dia escondido.
Tornou-se questão de honra
Capturar o bandido.

Há ainda outros personagens, como Hilda, esposa de Frede, que desempenhará um papel fundamental nos momentos de maior tensão do romance. À maneira de muitos contos populares, encontramos, nesta obra, o drama da queda — simbolizado pela atitude do ladrão — e da redenção, quando este, enfim, resolve dar um novo sentido à sua existência. No cordel, há similares na História de Roberto do Diabo, de Leandro Gomes de Barros, e em Dimas, o Bom Ladrão, cuja autoria é atribuída a Francisco das Chagas Batista. Rouxinol do Rinaré, portanto, revisita a tradição dos grandes autores, sem perder a originalidade característica de seus versos, que estão entre os melhores de quanto já se publicou na literatura de cordel do Brasil.

Marco Haurélio - poeta e pesquisador

quarta-feira, 20 de junho de 2012

CORDEL: CRIAR, RIMAR E LETRAR

coautoria e capa Arlene Holanda


Editora IMEPH, 96 páginas — coautoria: Rouxinol do Rinaré e Arlene Holanda.

Esse livro aborda a produção em cordel integralmente, do processo criativo ao feitio de um folheto. Reconstitui os caminhos desse gênero literário, desde a Península Ibérica ao sertão nordestino. São apresentadas técnicas de rima e métrica para construção de estrofes, dicas para produção de textos em cordel e edição de folheto tipo fanzine. Traz ainda sete textos em cordel com orientações para exploração em sala de aula.
Cordel: Criar, rimar e letrar já foi adotado por vários municípios do Ceará e Pernambuco, como livro auxiliar para o professor trabalhar literatura de cordel em sala de aula.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O PREÇO DA LIBERDADE



Romance juvenil em cordel, Rouxinol do Rinaré - Editora IMEPH


O livro já sai como uma tiragem de 10 mil (dez mil) exemplares (7 mil vendidos para municípios do Ceará e Pernambuco, pelo projeto Nas Ondas da Leitura - Editora IMEPH). 
As ilustrações são do artísta KAZANE.

VEJAM A APRESENTAÇÃO DE MARCO HAURÉLIO:

A publicação de O preço da liberdade, originalmente lançado em folheto com o título A história dum filho errante e as preces de uma mãe, faz justiça a um dos maiores valores do cordel contemporâneo, Rouxinol do Rinaré. A história de queda e redenção narrada por Rouxinol e dirigida ao público juvenil alerta sobre o perigo que ronda aqueles que, em busca da liberdade, acabam se submetendo ao vício e à degradação.
Alberto Felício, o protagonista, é um jovem que vive num lar modesto, mas sem preocupações, sob a proteção de pais amorosos. De uma hora para outra, sem entender os valores dos pais, Alberto sucumbe ao alcoolismo e, tomado por estranho impulso, decide abandonar o lar em direção ao estrangeiro. Lá, gasta o que resta de suas economias de forma dissoluta e termina na mendicância. Um sonho premonitório, no entanto, o faz repensar a maneira como vivera até então.
O drama de Alberto parece ter como ancestral a lenda de Roberto do Diabo, personagem do folclore europeu que forneceu matéria para um romance de cordel atribuído a Leandro Gomes de Barros. Há, porém, uma sutil diferença: na tenebrosa lenda Roberto concebido a partir de um pedido blasfemo de sua mãe, comete todos os excessos possíveis, como pilhagens, roubos e assassinatos sem conta. Alberto, por outro lado, mesmo imaginando fazer mal apenas a si mesmo, acaba com a tranquilidade dos pais. Unem os dois personagens, no entanto, a busca de redenção e a purificação por meio da fé. Há, ainda, uma notável similaridade com a parábola do filho pródigo, uma das mais belas do Evangelho de São Lucas.
O preço da liberdade é, por tudo o que foi exposto, um romance de exemplo, sem se pretender moralizante. E um dos melhores textos de Antônio Carlos da Silva, que, sob o nome de guerra Rouxinol do Rinaré, escreve mais um belo capítulo na história da literatura de cordel.

Marco Haurélio
Cordelista e pesquisador da
Cultura Popular Brasileira


Dramatização de O preço da Liberdade


Jovens atores em cena - palco do teatro Pedro II


Alunos das escolas públicas de Viçosa do Ceará dramatizaram o livro O preço da Liberdade, de Rouxinol do Rinaré. A peça teatral é um resultado das ações do Projeto Nas Ondas da Leitura (Editora IMEPH), onde o livro está inserido.
A exibição da peça aconteceu no dia 26 de maio de 2012, em duas sessões, no teatro Pedro II, na referida cidade. 
Outra cena de O preço da Liberdade - palco do teatro Pedro II

Na plateia o autor Rouxinol do Rinaré na 1ª fila (de blusa listrada)


domingo, 20 de maio de 2012

Homenagem a Chico Anysio


 Edição do autor – Capa: Rafael Limaverde




O lançamento deste folheto ocorreu em Maranguape, dia 12 de abril (dia do nascimento de Chico Anysio).

A chegada de Chico Anysio no céu

Rouxinol do Rinaré

TRECHOS:

A tristeza quis prender
Meu riso num mausoléu.
Porém venci a tristeza,
Fiz do verso o meu troféu
Para narrar a chegada
De Chico Anysio no céu.

Maranguape chorou muito,
Nosso Ceará gemeu,
O Nordeste vestiu luto,
O Brasil todo sofreu
Quando foi dada a notícia:
“Chico Anysio faleceu!”

Era vinte e três de março,
Na Terra ouviu-se um clamor,
Em contraste houve uma festa
Na Mansão Superior
Risos, aplausos e vivas
Para o mestre do humor.

Sim, no céu houve alegria
Quando chegou o aviso:
“Chico Anysio está chegando,
Vem morar no paraíso”.
Mas a Terra ficou triste,
Perdendo o Mestre do Riso!

Deram a manchete no céu
- Tevês, jornais e revistas.
Para recepcioná-lo
Vieram muitas artistas,
E na comitiva estavam
Seus colegas humoristas.

Vieram: Arnaud Rodrigues,
Oscarito, Grande Otelo,
Zezé Macedo (a Biscoito)
Com o seu corpo magrelo,
Mazzaropi, Walter D’Ávila,
Ronny Cócegas, Nair Bello...

Chegou Rogério Cardoso,
Bussunda, Ronald Golias,
Milani, Espanta, Costinha
(Fazem mil estripulias),
Carlos Pires, Rony Rios,
Mais Mussum, Zacarias.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

ABC DO CEARÁ


Rouxinol do Rinaré, ABC do Ceará, Editora IMEPH, 2012

ABC DO CEARÁ - CEARENSES ILUSTRES DE RENOME NACIONAL
Publicado pela Editora IMEPH, com ilustrações de KAZANE, o livro traz, em 124 páginas (capa de luxo, com verniz brilhoso e texturizado), um ABC gigante enaltecendo mais de 60 personagens cearenses. Fala ainda de patrimônios e cidades do Ceará. Ao final tem “retratos” e uma pequena biografia (em prosa) de cada personagem.
O livro saiu com uma tiragem inicial de 12 mil exemplares.

Seu primeiro lançamento ocorreu dia 12 de abril de 2012, em Maranguape, na Praça Capistrano de Abreu, às 19h - no evento em homenagem ao Chico Anysio (um dos personagens deste ABC).

Trecho da apresentação por Arievaldo Viana:

“Neste ABC do Ceará, magistralmente ilustrado por Kazane, Rouxinol vai além da simples descrição de vultos e cidades de nosso Estado. Ele consegue apreender o verdadeiro espírito cearense e traduzi-lo em setilhas magistrais homenageando de Alberto Nepomuceno a Messias Holanda; de Delmiro Gouveia a Edson Queiróz; de Padre Cícero a Cego Aderaldo... E por aí segue o desfile de uma plêiade de figuras que representam o supra-sumo da raça cabeça-chata.”

sábado, 28 de abril de 2012

O Justiceiro do Norte



O Justiceiro do Norte, épico de Rouxinol do Rinaré 

A poesia Épica não morreu, está na origem da literatura de vários povos, para atestar o fato de que, na América pré-cabralina, havia uma cultura cuja tradição, embora ágrafa, encontrava-se assentada sobre os patamares histórico e mitológico, com um conjunto de narrativas de caráter epopéico, mas a chegada do europeu estabeleceu um corte cultural, irreparável no tempo. As narrativas autóctones cederam lugar às narrativas ibéricas, romances de cavalaria, autos de Gil Vicente, à épica camoniana. Só com Gregório de Mattos, sobre o cadáver indígena, haverá a primeira experiência da poesia “morena”, sem o elemento épico, porém, que só será retomado no Romantismo, com o redescoberto Sousândrade.
Rouxinol do Rinaré retoma a narrativa épica nesse seu cordel. Li seus versos por duas vezes num voo que saiu de Juazeiro do Norte para Brasília e daí para o Rio de Janeiro. Meu interesse não era só ler e entreter-me, era observar, riscar o cordel, encontrar seus elementos poéticos, compreendê-los. Os desenhos dessa edição, abertamente inspirados nos épicos de western (o autor é fã de Tex), recontavam-me a narrativa e levavam-me ao clássico de Bonelli, num diálogo magnífico. Mas não é só isso, sendo um épico, não lhe faltariam os elementos essenciais: o herói injustiçado deixando sua terra para, em outras terras, transforma-se em mito, sob outra identidade, defendendo os fracos, apaixonando-se por uma nativa e por ela sendo amado. Aprisionado pelos guerreiros que defende, é reconhecido (como Ulisses) pela cicatriz que carrega, faz amor com sua amada e desaparece sob as águas amazônicas (como Ajuricaba lendário), deixando sua descendência. Rouxinol sabe contar histórias em cordel como ninguém. E aprimora-se a cada dia. Já é um clássico, mesmo tão jovem.

Aderaldo Luciano
Poeta e Doutor em Ciência da Literatura – UFRJ

OBS.: As capas acima são, respectivamente, dos artistas Klévisson Viana (para a 1ª edição do romance – Tupynanquim Editora, 2001), Jô Oliveira (para a edição do autor, com selo da Quadrix Editora, 2009) e Eduardo Azevedo (para a edição do PRÊMIO MAIS CULTURA DE LITERATURA DE CORDEL 2010 - do Ministério da Cultura).